sábado, 28 de dezembro de 2013

Diário da dona de casa - 1 ano depois

 Um ano depois de ter mudado para a minha primeira casa só minha, eu adquiri habilidades que me surpreenderam completamente.

Umas das coisas que eu pude perceber é que a classe média brasileira é criada para não fazer absolutamente porra nenhuma.

É claro, é esperado das mulheres que saibam ser boas donas de casa. Mas não realmente, porque o trabalho pesado fica por conta da empregada/faxineira/diarista.

Ela deve saber fazer um pudim de leite e um arroz soltinho. É bom que saiba passar uma camisa pro marido na hora que ele precisar e aprender falácias de dona de casa como: veja limpa qualquer coisa dentro de casa, vanish remove todas as manchas e que sazón é uma possibilidade razoável de tempero.

Uma coisa que me incomoda é que o homem classe média em geral não é criado para saber fazer nada! Claro, ele têm que trabalhar e ganhar dinheiro, mas isso todos temos. Quero dizer logo que eu não estou falado de você, oh pessoa incrível que desenvolveu as habilidades esperadas para se virar na vida adulta cotidiana.

Uma das coisas que me decepcionou muito quando eu casei foi notar que o meu (ex) marido - veja bem, não estou falando mal dele, mas da sociedade em geral e da forma que as mães (em geral) criam os filhos - não sabia fazer praticamente nada e a grande solução para tudo na vida era pagar alguém que soubesse fazer.

Isso sempre me incomodou. Muito.

Afinal de contas, vivemos em um país em que os prestadores de serviços domésticos não recebem qualquer espécie de treinamento formal para fazer nenhum daqueles serviços. Poucos são capazes de ler um manual ou instruções de uso de produtos. Então por que eu deveria pagar por um serviço que eu mesma poderia fazer? Qual é a habilidade fantástica que um trabalhador desses possui que eu não possuo, além de músculos?

Com isso em mente, esse ano eu me dediquei a duas coisas dentro de casa: a primeira foi aprender a viver com menos tranqueira, mas isso é estória para outro post, e a segunda foi adquirir essas habilidades que ficam dentro do reino dos homens.

Não foi fácil. Parece bobagem, mas a primeira coisa que eu aprendi a fazer foi controlar o meu pânico em relação a insetos voadores. Especialmente baratas. O treinamento começou ainda na casa da minha mãe porque eu sabia que seria mais difícil encarar viver sozinha se e tivesse que matar uma barata. A quantidade de insetos voadores estranhos, morcegos e afins - minha mãe mora no meio da floresta - serviu como dessensibilizante. Mas a prova real me aguardava aqui. Casa, térreo, rua... verão. Eu tive que aprender e me orgulho de ver como eu agia antes e como eu reajo agora. Grito ainda, se levar um susto, sim. Mas piso em cima, recolho e jogo fora.

Uma das coisas que eu pedi de presente quando eu me mudei foram ferramentas. Não ganhei. Ganhei apenas uma trena, que eu adoro. Ainda estou montando a minha caixa de ferramentas de acordo com a necessidade. Tem muita bobagem que a gente não usa nunca e eu ainda não tenho experiência suficiente pra saber com certeza tudo o que eu quero e sei que isso vai se devagar. Mas é impressionante que as mulheres em geral não saibam nem os nomes das ferramentas. 

Uma coisa que eu tinha medo, era de entrar em loja de material de construção. Eu me sentia oprimida, como se estivesse fazendo alguma coisa errada. Entrando em um local restrito sem permissão. Hoje é uma das minhas maiores fontes de aprendizado. Eu vou lá na loja, puxo o banquinho pro balcão, bato o maior papo com o vendedor que tem uma super paciência comigo, aprendo mil coisas.

Eu fiz coisas que eu julgava absolutamente impossíveis como instalar um chuveiro! Preparar toda a parte elétrica para a instalação de ar condicionado trocando a fiação para suportar a amperagem correta, trocar torneiras, carrapetas, resistência,.... Aprendi que as coisas são possíveis e as ferramentas são ótimas. 

Infelizmente, eu aprendi que os homens não têm capacidades tão sensacionais assim e nem pra isso são necessários. Seria bom dividir as tarefas, claro. Mas não seria nada fácil suportar um bunda mole dentro de casa sabendo exatamente o trabalho que casa coisa dá.

Minha conquista mais recente era uma tarefa que eu tinha muito medo mesmo. Furar parede. Eu via o medo estampado na cara de quem o fazia, e sempre o cuidado incrível "pra não fazer merda". 

Claro, você tem que ter alguma noção, procurar onde tem canos, essas coisas. Mas da primeira vez que eu fui lá furar a parede eu entendi que não é assim tão complicado e, se você errar, ..... bem....

Eu faço assim: vou no quintal, tomo um bom banho de mangueira, volto, fumo um cigarro com um mate geladinho depois eu volto lá pra furar de novo. Simples assim? O buraco feio? Fecha-se com massa.

à bientot.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A invenção das redes sociais

Vamos falar rapidamente sobre tecnologia.

A tecnologia 'azeita' a forma como trabalhamos e interagimos. A tecnologia faz as coisas ficaram mais rápidas e faz com que elas se propaguem. Mas somos nós que criamos as tecnologias.

Muito se fala sobre como as redes sociais afetaram a maneira como nós interagimos e a comunicação humana. Ora, as redes sociais foram criadas para satisfazer necessidades que nós já tínhamos de comunicação/ interação / socialização.

O processo de criação de qualquer coisa parte de uma necessidade anterior. Pô seria legal ter luz à noite = vamos inventar energia elétrica e tal. Não se faz pesquisa/invenção/ criação sem que haja demanda.

Para citar um exemplo, o filme sobre o Mike Zuckemberg e a criação do Facebook mostra claramente isso. E não adianta colocar um rótulo na utilização do Facebook. Cada um usa pra uma coisa, separei uns exemplos:



a) gente que usa pra dar "bom dia", "boa noite", "vou malhar", "to comendo miojo";
b) gente que usa pra ficar olhando fotos de possíveis investidas amorosas o dia inteiro e pensando se vai ou como vai chegar naquela pessoa ou não;
c) gente que só usa para contar piada, compartilhar videos engraçados, etc;
d) gente que usa para comentar o cotidiano, seja com o objetivo de mudar o mundo ou não;
e) gente que fica bisbilhotando a vida alheia e usa como ferramenta de espionagem própria ou compartilha com o seu círculo de amizades e faz a vida da "vítima" uma novela da vida real;
f) gente que fica jogando os mais diferentes joguinhos todos iguais, cuja única habilidade que você precisa ter para jogar é saber apertar o botão do mouse para que o tempo passe e a pessoa possa escapar da vida e dos problemas.

Na verdade, o que eu vejo é as pessoas continuarem a se comportar exatamente da mesma forma que antes da internet, apenas com acesso a um "megafone mágico" que faz com que você jogue a informação sobre o que você faz no universo. Ou será que....

a) você não conhece aquela pessoa que PRECISA de atenção?
b) você não conhece aquela pessoa que fica o dia inteiro pensando em mulher/ homem?
c) você não conhece aquela pessoa que tem sempre uma piadinha nova pra contar?
d) você não conhece aquela pessoa que quer sempre falar sobre política, direitos dos animais, religião, discutir futebol....
e) você não conhece aquela pessoa que é fofoqueira e bisbilhoteira?
f) você não conhece aquela pessoa que quer fugir dos seus problemas?

Essas pessoas sempre existiram, não foram criadas pelas redes sociais. Aliás, nada é criado pelas redes sociais pelo simples motivo que as redes sociais não são um entidade pensante. Nós é que criamos as redes sociais e as usamos e modelamos de acordo como as nossas necessidades.

E é também por isso que eu não estou entendendo a calorosa discussão sobre a mais nova "rede social" (app) que é o famoso/ infame Lulu:


Para quem é devagar e ainda não sabe do que se trata, o Lulu pega a sua lista de contatos do Face e vc pode fazer comentários anônimos e dar notas sobre aquele carinha. As outras meninas que tem o lulu vão saber se o cara, tem chulé, é broxa, tem o pau pequeno, se chupa bem, etc.

E aí tem muita gente revoltada. Como o Lulu!

De novo, app não é entidade, não é bom ou mal. App não cria comportamentos.

Isso é (uma das coisas) o que as mulheres conversam no banheiro desde sempre! Quem nunca ficou com um carinha pq uma amiga falou que ele chupava bem, que atire a primeira pedra!

E aos carinhas putos com a questão:

1) Os homens fazem isso O TEMPO TODO. No banheiro, no vestiário, no futebol, no bar, no barbeiro, etc etc etc.
2) Agora que eles estão mais cientes que a coisa vai e volta, quem sabe eles liguem no dia seguinte?
3) Estamos todos cientes que existem mulheres recalcadas. Qualquer avaliação de internet deve ser lida com cuidado. Se a sua avaliação é 10, provavelmente você só foi avaliado por uma pessoa apaixonada por você. Se a sua avaliação é zero, você provavelmente deixou alguém muito puta e ela ta se vingando. É um caso a ser analisado com calma. De qualquer maneira, a mulher tem que ter em mente que ninguém é totalmente bom ou ruim. todos temos defeitos.

Minha opinião sobre o Lulu? Pena que ele ainda não tá funcionando bem no Android. Espero que saia uma atualização em breve para consertar o problema.

domingo, 13 de outubro de 2013

Comichão e coçadinha

Ai, Ai....

Como faz para gente se concentrar no que TEM que ser feito ao invés daquilo que a gente QUER fazer? Hein?

Queria descobrir essa fórmula mágica aí.

sábado, 7 de setembro de 2013

Doggy Style

Eu não sei se devo começar essa estória com um interlúdio sobre o gato, mas acho que vou pular. O fato é que eu decidi adotar um cachorro. O que é tão novo para ela quanto é para mim. A minha vantagem é que eu posso ler a respeito.

Bom, ela chegou dia 23 de agosto. Veio de uma pessoa que resgata animais e a bichinha obviamente já havia passado por maus pedaços. Ela demorou a se adaptar e estava toda dodoizinha. Anêmica, com otite, sarna. Muito medrosinha, se molhava toda por qualquer coisa! Eu fazia carinho, ela se molhava toda. Eu chamava, ela se molhava toda.

Fato interessante: desde o primeiro dia ela fez as necessidades no lugar certinho, que era o que todo mundo me dizia que seria a pior parte =]

Só tem um detalhe: ela é a cadelinha mais sorrateira de todos os tempos. Sério, ela faz nº2 3X/dia, enormes, saca? E eu nunca vi ela fazendo!!! Tem 15 dias que ela mora comigo e eu não consegui ver ela fazendo nem 1 vez! Sabe o que me lembra? O mordomo do Mr. Deeds, saca??

Pois é.

Ela também tem uma certa fixação com o meu pé, mas vamos deixar isso de lado.

Enfim, nesses dias eu pude fazer várias constatações sobre cães em geral e sobre a minha em particular. Um vez que a pior fase do xixi emocional passou, ela se mostrou extremamente sonsa.

Quando eu brigo com ela, ela super respeita, saca? para na hora de fazer a coisa errada. Mas experimente virar as costas.... lá está ela de novo. Nossa briga atual é na hora de dormir.

Ela não sobre na minha cama durante o dia (se eu estiver em casa, lógico) mas, no instante que eu deitei pra dormir começa a pedir pra subir...eu brigo, mando descer... ela obedece, direitinho.

 - Desce, Lolita!

Ela se enrosca na caminha dela e fica me olhando com carinha de pidona. Dá um tempo, tenta subir de novo, a rotina se repete. Até que, eventualmente, eu durmo, né? O objetivo era esse, afinal. E acordo com ela enroscadinha no meu pé.


Só falta dizer: bom dia, dormiu bem? Vamos brincar?

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Diário de bordo: The Dating Game

Existem umas roubadas clássicas em que a gente cai de vez em quando e eu achei que seria uma boa dividir alguma coisa... Quem sabe contribuir com alguém na mesma situação. Enfim...



A cena é mais ou menos a mesma para todos ois pretendentes até um certo ponto. O cara-a-cara. Talvez eu já tenha chegado ao ponto de estar tão cínica ou de saco cheio da cena toda que veja desta forma, mas é fato.

Se você já está jogando o jogo há tempo suficiente você já sabe que é meio assim: Conhece, troca as informações básicas, checa algumas informações pra ver a pessoa não se contradiz muito, essas coisas. Conversa mais ou menos de acordo com o nível de interesse e confiança, finalmente marca um cara-a-cara.

Pra mim, e esse não foi diferente, o cenário geralmente é um barzinho. Cara bonitinho, idade adequada, fisicamente tudo ok.
Bla bla bla... então eu me toquei do (meu) erro que poderia ter me poupado uma noite chatinha. uma pergunta bem simples:


"Você está separado há quanto tempo?"
"Há 6 meses".



PUTZ!

Na boa? fiquei o resto da noite ouvindo falar da ex e o namorado novo. Reclamou que mulher reclama que o homem diz que ela não está bonita mas usa camiseta de deputado com moletom em casa.. etc. Pergunta se ele me olhou e disse se eu estava bonita? Ai, ai.

Nem fiquei chateada de rachar a conta. Afinal de contas, seria o mesmo que sair sozinha, já que ele não estava lá mesmo...
Anotem a pergunta e não percam o tempinho precioso de vocês.

♫ - Le Tigre - Deceptacon

sábado, 6 de julho de 2013

REVER.... e não ter a vergonha de ser feliz

Morta de cansaço, sexta-feira à noite, me atraquei com o edredom e com a Netflix. No menu, eis que decido rever A Firma (The Firm, 1993), dirigido pelo meu queridinho Sidney Pollack


Primeiro devo dizer que Pollack é um cara muitíssimo subestimado. Ele tem filmes meia-bomba, sim, (e quem não tem?) mas ele dirigiu Tootsie (já calei a sua boca?), ganhou o Oscar de melhor direção e filme por Out of Africa,  (que, pessoalmente, eu acho chato pra caralho), imortalizando uma relação tipo Tim Burton - Johnny Depp com o galã Robert Reford. Nessa linha de raciocínio, meu preferido foi 'The Way We Were', 1973. Eu acho que Sidney Pollack tinha uma sensibilidade especial para troca de olhares que dizem tudo e que nunca teve o reconhecimento merecido por seu trabalho, mas o mundo não é justo. Talvez ele não fosse o gênio imortal, até porque morreu em 2008 e ninguém mais falou dele, né? Mas o cara era muito bacana, competente e fez uns filmes que eu curto muito.

A Firma tem um elenco estrelar, sensacional e que é uma lição sobre como envelhecer em Hollywood.

No topo da lista de atores (dentro desta categoria, antes que alguém me mate) temos os imortais. Um grupo de ótimo atores embalsamados todas as noites antes de dormirem em suas criptas por escravas egípcias. Encabeçados por Ed Harris, mil coroas genéricos que fazem os mesmos papeís em outros mil filmes, assim como o time de mafiosos que são os mesmos usados em todos filme/série de máfia de sempre e parece que nunca irão dormir com os peixes.

O mais gostoso, no entanto, são as atrizes. É uma lição atrás da outra sobre como envelhecer bem. Holly Hunter no papel de white trash do Tenessee está absolutamente irresistível, "Esposa n°1" mostra como manter uma boca digna de ser desenhada por Manara desde a era pré-botox e ficar ainda mais sensacional com os anos e "Sapa Marina", que nunca me enganou, provando que a idade realmente é algo que pode agregar muito valor.

Para um toque extra de emoção, temos um Rutger Hauer genérico e Tom Cruise jurando que faz ginástica olímpica desde pequenininho.

Além do passeio turístico pela capital do Tenessee, você ainda tem o direito de reviver a emoção dos filmes baseados nos livros do John Grishan, que, pra quem não sabe, era o Dan Brown da época.

Olha, a pipoca foi muito bem utilizada e valeu a noite. 

domingo, 30 de junho de 2013