A sinopse de "Hugo", então, realmente é de assustar plateia mesmo: Criança órfã que vive em estação de trem aprende a consertar relógios e vive aventura. Ahã... Apesar disso, meus instintos cinéfilos me diziam que tinha algo ali. O trailer dizia "O primeiro filme 3D de Martin Scorcese". Isso realmente quer dizer alguma coisa? Claro!

"Hugo", na verdade, dá uma aula de história do cinema e traz, de uma forma a agradar públicos de várias faixas etárias exatamente esta discussão. Voltando ao passado, lembra dos primórdios do cinema e de como o cinema em si era apenas considerado uma novidade dos tempos modernos mas, encontrando uma linguagem própria, passou a ser arte.
É um filme primorosamente bem realizado que faz uma homenagem ao próprio cinema e sua evolução, o grande mestre George Meliés e sua obra no centro do palco mas tem menção inclusive à D. W. Griffith (que na minha opinião também não poderia faltar). Direção incrível, fotografia espetacular, direção de arte impressionante. Acredito que os verdadeiros amantes de cinema se deliciarão tanto quanto os de literatura ao ver "Meia-noite em Paris". E, além disso, é um filme divertido para toda a família.
Infelizmente, a carreira de "Hugo" no Brasil não foi muito feliz. Seja pela sinopse, seja pelo trailer, acredito que muita gente saiu por aí achando o filme estranho ou deixando passar por falta de instinto. O filme foi realizado para ser visto em 3D. A discussão é basicamente essa. Entretanto, encontra-se ainda nos cinemas, sim. Mas achei apenas dublado, em horários escassos e em salas 2D. É uma pena. Uma vez que um diretor finalmente faz uso metalinguístico de uma ferramenta que já está se tornando até sinônimo de filme ruim, o filme é retirado das salas a que se destinou.
Só me resta esperar o Blu-Ray com comentários. E agora eu vou senão fico aqui contando todos os detalhes e dando spoilers.
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