terça-feira, 10 de julho de 2007

I Want Candy!

Ontem eu fui ver Marie Antoinette no cinema da UFF.
Eu sei, eu sei,... mas eu só vi ontem, fazer o que?

O fato é que não passa mais cinema em Niterói desde que o Cinemark comeu o cu de todo mundo e fechou todos os outros cinemas de Icaraí. Sobraram as pseudo-salas do shopping lá de Itaipu e as do consulado de São Gonçalo (ou pseudo-shopping Bay Market, como preferir). As salas do consulado nem sao tão ruins assim não, mas a seleção e a frequencia me afastam. Minha trip até o tal shopping novo la de SG no ano passado valeu muito a pena e mostrou que o cinema de lá é muito melhor. O problema é, de novo, a seleção.

No Cinemark, o espaço é dedicado aos blockbusters - nada contra, mas não existe só isso no mundo e eles bem podiam usar uma das 8 salas de vez em quando pra passar alguma coisa que tivesse mais substância e menos caldo - e aí fico eu a não ver nem os navios.

A alternativa seria pegar o meu corpinho cansado e carregá-lo até o Hell de Janeiro. Fala sério! Totalmente já passei dessa fase e, como o Mauro bem colocou ontem, no fim de semana "prefiro ficar em berço esplêndido".


Mas vamos deixar de enrolação e falar do filme: Sofia Coppola...Ah...
Eu entro em conflito e acho bom-ruim-excelente-mas fala sério, eu amo-acho chato pra caralho. Mas tenho que dizer: a menina sabe cinema. Ela sabe, quem esquece somos nós.

Ela escreve lindamente com as imagens. E diz as coisas com poesia. Todos os filmes dela são longos e cansativos mas é cinema numa acepção quase purista da palavra. E arte - se é que é possível fazer algo remotamente artístico em Hollywood. E são filmes para serem vistos na telona. Não traduz bem no DVD.

O som da UFF é um lixo e não vale nem os R$2 do ingresso mas, pelo menos, deu pra ver um pouquinho melhor o brocado do fundo. Uma loucura inebriante de riqueza que ultrapassa os limites da poluição visual e incomoda. Você tem que olhar de perto pra ver todos os detalhes...


E nomeio daquilo tudo Kirsten, Kirsten, Kirsten! Maravilhosa! Só dá ela! E ela tem aqueles furinhos lindos em cima da bunda... Enfim, pobre Judy Davis que está fantástica mas desapareceu no meio do tecido - e, parece que o filme é meio isso: um tecido de uma estampa muito vibrante e cheia de detalhes. Daquelas que você tem que olhar com cuidado pra conseguir enxergar o verdadeiro desenho ao invés do plano geral - e Molly Shannon que parece ter um milhão de anos no filme.

Mas o filme mesmo não é sobre Marie Antoinette em si - isso é o grande desenho, a padronagem do tecido vista à distância - o filme é sobre a futilidade do nosso mundo. O consumo sem sentido, a desconexão do mundo rico (rico de verdade, nada de petit bourjoise) da realidade. O mundo de celebridades, a futilidade. O vazio de uma vida sem-sentido: as festas, as drogas, as aparências. Porque Versailles tá aí. É só olhar em volta.


♫ - Go Gos - I want candy! (prefiro que com Good Charlotte)

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