quarta-feira, 11 de abril de 2012

E eis que de repente

"E eis que de repente eles param e mudos, graves, espantados se olham nos olhos: é que eles sabiam que um dia iriam amar." - Clarice Lispector
E ela,  como um potro recém nascido, pernas trêmulas de uma fraqueza interior, finalmente se levanta. Monta sua máscara para enfrentar o dia que vem pela frente e sua armadura social. Depois de perguntar ao espelho mentiroso se há mais bela no reino, se sente confiante para dar os primeiros passos.


O mundo não a recebe bem. Não sabe se consegue acompanhar o ritmo. Os compassos dessa valsa são duros e não se vê um sorriso no baile. Tenta respirar e fingir como criança que não está no meio de tanta luz, barulho, gente. Sente saudade de seu aconchego sem nem ter passado pelo primeiro obstáculo.


Brava, continua. Apesar de bravura ser um conceito muito pessoal, vai em frente e atinge seu primeiro objetivo com sucesso. Duro encarar a frieza da multidão, mesmo da multidão que até então parecia ser amistosa. Descobriu que não tinha aliados, porém estava ali para um objetivo maior e continuou seu caminho.


Foi sofrido ter que pensar em encarar as coisas no escuro sozinha, mas a mocinha persistiu. Sua persistência trouxe um presente mágico entregue diretamente por um fauno encantado. Sua  persistência trouxe presentes fabulosos no fim da jornada. 


Ela se lembrou de coisas que esquecera há muito. Que existem pessoas ainda ao seu lado, que  ela ainda tem algumas cartas na manga, mesmo estando com seus poderes abatidos, existem outros caminhos. Ao final do dia, cercada de três faunos encantados de uma fada madrinha, teve poder suficiente para encarar os desafios. Não foi nada fácil e ela compreende que serão batalhas diárias e que não é todo dia que seus protetores estarão ao seu lado e nem todos os dias existirá um pote de ouro no fim do arco-íris, mas ela persistirá.


Hoje, a esperança venceu.



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